Aquele susto na primeira Páscoa
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Lembro da primeira vez que tentamos fazer uma “Páscoa tradicional” para o nosso filho. Compramos um ovo gigante, organizamos uma caça aos ovos no quintal e reunimos a família inteira em casa. A intenção era linda. Mas o resultado? Nada parecido com o que esperávamos. Barulhos demais, cheiros fortes, gente tocando, falando ao mesmo tempo… Em poucos minutos, nosso filho estava em crise. E nós também, por não termos entendido antes o que ele realmente precisava.
Se você já passou por algo assim, respira fundo. Você não está sozinho. E dá sim pra celebrar a Páscoa para crianças autistas com leveza, simplicidade e muito afeto. A chave está na adaptação – e é sobre isso que vamos conversar hoje.
💡 Por que adaptar a Páscoa para crianças autistas?
Você sabia que cerca de 90% das crianças autistas apresentam algum tipo de hipersensibilidade sensorial? (Fonte: CDC – Centers for Disease Control and Prevention)
Barulhos altos, cheiros intensos, texturas diferentes e situações imprevisíveis podem ser extremamente desconfortáveis para elas. E datas comemorativas, como a Páscoa, geralmente reúnem tudo isso ao mesmo tempo.
Mas isso não significa que a criança não pode participar — significa apenas que ela precisa de um ambiente mais previsível, seguro e adaptado ao seu jeitinho único.
✨ 5 Jeitos Simples de Adaptar a Páscoa para Crianças Autistas
Crianças no espectro geralmente se sentem muito mais seguras quando sabem o que esperar. Criar uma história social com imagens explicando como será o dia da Páscoa ajuda (e muito!). Você pode incluir:
Quem estará presente
O que vai acontecer (entrega de ovo, almoço, brincadeira)
Onde tudo vai acontecer
Como ela pode pedir um tempo se quiser
Dica: Faça isso com antecedência e leia com a criança todos os dias até a data. Isso diminui a ansiedade.
2. 🎁 Repense os ovos de Páscoa
Nem toda criança autista gosta (ou pode consumir) chocolate. E tudo bem! A boa notícia é que o conceito de “ovo de Páscoa” pode ir além.
Algumas ideias de substituições:
Ovos recheados com brinquedos sensoriais
Ovinhos com massinhas, slime, bolinhas de gel
Caixinhas temáticas com personagens favoritos
Surpresas visuais (como figurinhas ou adesivos)
O importante é que o presente faça sentido para a criança — e não apenas siga o que é “normal”.
3. 🔇 Evite ambientes superestimulantes
Evite ambientes com:
Música alta
Muitos convidados falando ao mesmo tempo
Cheiros intensos (perfumes, velas, comida no forno)
Se for reunir a família, vale combinar horários mais curtos, com número limitado de pessoas, e garantir um “cantinho seguro” onde a criança possa descansar, brincar ou até se isolar se quiser.
Pergunta pra refletir: Que tipo de ambiente deixa seu filho mais calmo? Dá pra adaptar a celebração pra algo mais parecido com isso?
4. 🎨 Inclua seu filho do jeito dele
Ao invés de forçar uma participação “tradicional”, descubra o que faz sentido pra ele.
Ele gosta de pintar? Que tal pintar coelhinhos em papel ou tela?
Prefere montar? Dá pra montar cenários de Páscoa com blocos
Curte cozinhar? Fazer biscoitos juntos pode ser um momento especial
Inclusão não é fazer a criança caber no molde. É moldar a celebração pra caber na criança.
5. 🧠 Tenha um plano B (e aceite se ele quiser ficar de fora)
Mesmo com todos os cuidados, pode ser que a criança simplesmente não queira participar naquele momento. E isso também está tudo bem. Ter um plano B pode te ajudar a não se frustrar:
Um brinquedo ou vídeo especial separado
Um espaço tranquilo com fones abafadores
Um adulto designado pra ficar com ela, se necessário
E o mais importante: não leve para o lado pessoal. Respeitar o tempo da criança é uma prova de amor — não de fracasso.
🧩 Desmistificando: “Ah, mas ele não gosta de festa?”
Essa é clássica, né? Mas vamos desmistificar juntos?
👉 Crianças autistas não têm aversão a festas. Elas têm aversão a estímulos que causam desconforto.
Muitas vezes, o problema não é a comemoração em si — é a forma como ela é feita. Quando a gente respeita os limites e adapta, a celebração pode sim ser linda, tranquila e significativa.
💬 Conclusão: A verdadeira celebração é o acolhimento
Se tem algo que a gente aprendeu por aqui, é que não existe uma maneira “certa” de comemorar a Páscoa. O que existe é a maneira que funciona para a sua família.
Então, que tal deixar de lado a pressão de seguir o que todo mundo faz — e criar a própria tradição? Uma que respeita os limites do seu filho, que entende suas necessidades, e que transforma a Páscoa para crianças autistas em um momento de amor genuíno.
E se, no fim, a grande celebração for só um abraço apertado, um brinquedo que brilha, ou um “te amo” sussurrado… já é mais do que suficiente. ❤️
✅ Recapitulando: Checklist para uma Páscoa tranquila
📖 Prepare uma história social
🎁 Substitua o chocolate por itens personalizados
🔇 Evite excesso de estímulos
🎨 Inclua a criança do jeitinho dela
🧘 Tenha um plano B sem culpa
💌 E você, como adapta a Páscoa por aí?
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