Se você é pai, mãe ou cuidador de uma criança com autismo, provavelmente já se perguntou: como celebrar datas comemorativas sem sobrecarregar meu filho? Pois é, nós também. E foi assim que, aos poucos, adaptamos a Páscoa aqui em casa.
Antes de entender o que funcionava para o nosso filho, a gente tentava seguir o que “todo mundo fazia”: caça aos ovos barulhenta, reuniões de família longas, presentes surpresas. O resultado? Crises, ansiedade e uma sensação de frustração para todos nós. Até que decidimos fazer diferente. E, sinceramente? Foi libertador.
Neste texto, quero compartilhar com você como transformamos a Páscoa e o autismo em uma combinação possível — cheia de afeto, simplicidade e respeito ao ritmo do nosso pequeno.
A Páscoa é linda, mas vamos ser sinceros: também é cheia de estímulos. Luzes, sons, perfumes fortes, gente falando ao mesmo tempo... Para muitas crianças com autismo, isso pode ser um gatilho sensorial.
Você sabia que cerca de 70% das crianças com autismo têm algum tipo de sensibilidade sensorial? (Fonte: Autism Speaks)
Então, por que insistir em repetir tradições que causam desconforto, se podemos criar novas, com a nossa cara?
Aqui vão algumas mudanças que fizemos e que funcionaram super bem por aqui:
Chocolate nem sempre é uma boa ideia, principalmente com crianças com seletividade alimentar ou sensibilidade a texturas. Nosso filho, por exemplo, não curtia chocolate ao leite.
Solução? Criamos ovos personalizados com brinquedos sensoriais, massinhas, dinossauros pequenos e até peças de montar. Ele amou!
Crianças com autismo geralmente precisam de previsibilidade. Surpresas podem causar ansiedade.
Então, a gente começou a:
Mostrar a “agenda do dia” com imagens (tipo história social)
Explicar com antecedência que haveria uma celebração
Mostrar fotos do que ele iria ganhar
Ao invés de um encontro enorme com toda a família, optamos por um almoço mais calmo, com quem ele se sente seguro. E sabe aquele cantinho com menos barulho? Virou o “refúgio do sossego”, onde ele podia ficar com seus brinquedos preferidos.
Essa é uma pergunta que a gente ouve muito, e talvez você também. Então vamos esclarecer uma coisa importante:
👉 Crianças autistas gostam de comemorar sim, mas do jeito delas.
Isso não significa que elas são frias ou desligadas. Muitas vezes, elas apenas expressam alegria de forma diferente. Nem sempre vão sorrir, pular ou abraçar. Mas isso não quer dizer que não estão felizes ou envolvidas.
Páscoa, Natal, aniversário... tudo pode ser significativo, desde que seja adaptado à realidade da criança.
Se você quer adaptar sua celebração, aqui vão algumas ideias simples e eficazes:
Use histórias sociais com imagens pra antecipar o que vai acontecer
Crie ovos alternativos com brinquedos, livrinhos ou itens sensoriais
Escolha um horário tranquilo para reunir a família
Estabeleça um cantinho de calmaria com fones, brinquedos ou almofadas
Respeite o tempo da criança – se ela quiser sair do ambiente, tudo bem
Envolva a criança nas escolhas: “prefere pintar um coelho ou fazer massinha?”
O que realmente importa na Páscoa para você e sua família?
Quais tradições vocês podem repensar juntos?
Como seria uma Páscoa perfeita para o seu filho — e não para as expectativas dos outros?
Essa reflexão mudou tudo aqui em casa.
A gente aprendeu que comemorar não tem a ver com seguir regras, mas com criar memórias felizes e possíveis. E, na nossa Páscoa, isso significa acolher, escutar, adaptar e — acima de tudo — amar do jeitinho que é.
Se você também está nesse caminho, saiba: não precisa ser perfeito, precisa ser verdadeiro. E quando é com amor, a simplicidade vira magia.
💬 Conta pra gente nos comentários: como você adaptou (ou pretende adaptar) a Páscoa por aí? Vamos trocar ideias?
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